Novidades

Indenizações por invalidez crescem 47% no Espírito Santo

Compartilhe:

11/03/2013 - Gazeta Online Priscilla Thompson

É o que apontam os dados do Seguro por Danos Pessoais Causados por Veículos Automotores de Via Terrestre (DPVAT)

Homens de 18 a 34 anos, motociclistas e incapacitados para o trabalho. Esse é o perfil da maioria das vítimas de trânsito indenizadas no ano passado por terem se acidentado nas estradas brasileiras. O número de indenizações pagas por invalidez subiu 47% em relação ao ano anterior, sendo que, em 53% dos casos, a vítima tinha entre 18 e 34 anos. É o que apontam os dados do Seguro por Danos Pessoais Causados por Veículos Automotores de Via Terrestre (DPVAT).

Em 2012, 352.495 vítimas de acidentes de trânsito foram indenizadas por invalidez permanente, o que corresponde a 69% de todas as indenizações pagas pelo DPVAT.

Em quase 70% das mais de 507 mil indenizações pagas no ano passado – incluindo os casos de invalidez, morte e cobertura de despesas médicas – os acidentes envolviam motos. Na maioria das vezes, a vítima é o próprio condutor.

Por cerca de 10 meses, o motoboy Sidemir Siqueira da Silva, 32 anos, teve que parar de trabalhar para se recuperar de um acidente que quase lhe tirou a vida. O acidente aconteceu no dia 21 de maio do ano passado, em Linhares, e só há poucas semanas ele voltou ao trabalho.

Sidemir conta que a colisão com um caminhão fez com ele quebrasse uma das pernas e tivesse queimaduras em várias partes do corpo. “A minha moto explodiu na hora, e eu fui parar embaixo do caminhão”, conta o motoboy.

Além das sequelas, ele perdeu a moto e a garantia de sustento da família. “Tenho uma filha de 9 anos, e eu e minha mulher passamos por momentos difíceis para sustentar a casa. Hoje, ainda sinto algumas dores e preciso continuar me tratando. Voltei a trabalhar como motoboy, mas ainda tenho um pouco de medo”, diz ele.

O diretor-presidente da Seguradora Líder – responsável pela administração do DPVAT –, Ricardo Xavier, lembra que, apesar de liderar o ranking de indenizações, as motos representam apenas 27% da frota do país. “É preciso investir em educação para o trânsito nas escolas, e em campanhas educativas, a curto prazo, além de uma fiscalização mais eficiente no trânsito. O problema é muito sério”, diz ele.

Mortes

O número de indenizações por mortes também cresceu 5% entre 2011 e 2012, chegando a 60,7 mil no ano passado. Ao todo, R$ 2,84 bilhões foram gastos nos pagamentos das indenizações por morte, invalidez e despesas médicas pelo DPVAT – direito garantido a todas as vítimas de acidentes no trânsito no Brasil.

Os dados reforçam as estatísticas de atendimento realizado pelo Samu 192, no Estado. Entre 2006 e 2012, o número de motociclistas atendidos pelo serviço aumentou 16 vezes. Foram mais de 6,8 mil acidentes registrados no ano passado.

Problema que impacta a sociedade 

O impacto de acidentes com motociclistas jovens não afeta apenas a vítima, lembra o sociólogo Erly dos Anjos. “A família e toda a sociedade também sofrem. São pessoas muito jovens, em idade produtiva, deixando de trabalhar e de sustentar suas famílias. O gasto do Estado, nesse caso, vai muito além do tratamento dispensado ao paciente. Sem falar nos traumas provocados”, diz.

É o que também alerta o presidente do Sindicato dos Motociclistas Profissionais do Estado (Sindimotos), Alexandro Martins Costa. “Os casos de motociclistas mutilados pelos acidentes são inúmeros. Os cursos de formação precisam preparar melhor o condutor, levá-lo para a rua antes de lhe dar uma habilitação. Também é preciso mais fiscalização nas ruas”, defende.