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Os sinistros aumentos dos planos de saúde coletivos no Brasil

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05/07/2017 - Administradores Por Wagner Siqueira

Os reajustes dos planos coletivos no Brasil têm sido muito superiores à inflação aferida nos últimos anos

Mais uma vez observa-se que os reajustes dos planos de saúde coletivos, aplicados em 2017, estão em geral absurdamente acima de qualquer parâmetro razoável, seja do teto que a Agência Nacional de Saúde (ANS) estipulou para os planos individuais (13,57%) ou da inflação acumulada anual.

Lamentavelmente a ANS não define regras ou teto de reajuste para os planos de saúde coletivos que estão sendo reajustados, pasmem, em até 80% para determinados grupos de profissionais liberais a partir de julho deste ano. Nos últimos anos essa tem sido uma prática que levou milhares de pessoas a deixarem de ter um plano de saúde, migrando para o combalido Sistema Único de Saúde (SUS).

Os reajustes dos planos coletivos no Brasil têm sido muito superiores à inflação aferida nos últimos anos. As operadoras dizem que a ‘inflação médica’ leva em conta o índice de sinistralidade que se eleva em função dos investimentos em novas tecnologias e dos custos de exames e internações. O cenário se apresenta extremamente preocupante e o governo brasileiro não sinaliza com nenhuma solução que possa tranquilizar os orçamentos das famílias brasileiras que buscam proteção nessa modalidade de assistência médico-hospitalar privada.

A incoerência e desfaçatez é que mesmo encolhendo as suas carteiras de clientes, os planos de saúde, conforme noticiado pelo Globo em 02 de julho passado, aumentaram os seus lucros em até 40%! Pobre país que permite esse tipo de situação, onde os resultados da planilha financeira falam exponencialmente mais alto do que qualquer outro indicador eticamente calibrado em um ambiente de sustentabilidade e responsabilidade social.

A inação dos órgãos oficiais permite esse tipo de conflito onde quem sempre sai perdendo é o cidadão brasileiro, especialmente os assalariados e aposentados que têm recursos financeiros finitos. A falta de regulação torna “justificável” qualquer tipo de aumento, sob o pretexto da sinistralidade e das tecnologias incorporadas. Os usuários, os mais fragilizados de todos os interessados, não têm como medir essas variações de preços, ficando assim sujeitos ao impacto daquilo que não controlam. Somente com o fim da escalada dos custos dos planos de saúde é que muitos profissionais liberais poderão continuar oferecendo alguma segurança às suas famílias.

Pugnamos, junto à ANS e a outros órgãos do governo federal, que essa situação seja objeto de estudos e revisões urgentes, quem sabe com a oferta de novos modelos de gestão e de prestação de serviços médicos privados à sociedade brasileira.