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Só 15% dos bancos tem seguro no Brasil

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17/01/2013 - Valor Econômico

Casos como Cruzeiro do Sul e BVA aumentaramos riscos e encareceram apólice em 10%

A liquidação do Cruzeiro do Sul e a intervenção no BVA - apesar de casos isolados, segundo o Banco Central - elevaram a percepção de risco do sistema financeiro nacional em 2012 e fizeram as seguradoras subirem o preço das apólices de responsabilidade civil oferecidas às instituições financeiras. Pesquisa da corretora Marsh, divulgada ao Brasil Econômico, revelou alta de até 10% nas taxas no quarto trimestre de 2012.

No entanto, a quantidade de instituições financeiras cobertas pela modalidade no Brasil é baixíssima. De cerca de 600, apenas 15% delas possui a cobertura. Para as seguradoras ouvidas, a pequena adesão é uma questão de falta de cultura, já que as apólices começaram a se disseminar no país após a crise mundial de 2008.

"Os casos com os bancos em 2012 fazem parte de microcrises no cenário brasileiro que afetam o risco percebido pelo mercado segurador", afirma Mauro Leite, líder da especialidade de Responsabilidade civil da Marsh, justificando o aumento de preços. Para se ter uma ideia, no quarto trimestre de 2011, a pesquisa havia mostrado queda de 20% a 30% no preço destas apólices no Brasil.

De acordo com Lucas Scortecci, gerente de produtos financeiros da AIG Brasil, ao sofrer intervenções, os bancos podem deixar acordos não cumpridos com clientes e ativar o seguro para conseguir fazer frente a esta demanda. "De forma geral, no Brasil, as seguradoras que operam com essa carteira estão mais seletivas na análise do risco e aceitação", pondera.

A AIG, que tem 50 clientes em carteira, afirma ter tido um aumento de 242% na procura pelo seguro de responsabilidade civil para instituições financeiras em 2012 e um avanço de 200% no número de negócios fechados. "Esperamos que essa faixa se mantenha por três anos, pelo menos, porque a penetração das apólices é pequena". A procura maior vem de bancos e gestoras. As grandes instituições demandam limites de cobertura de R$ 50 milhões a R$ 100 milhões, as de médio porte costumam contratar algo entre R$ 10 milhões e R$ 20 milhões. A sinistralidade fica em torno de 40% da carteira.

No mundo, alta de 30%

O aumento do preço das apólices no Brasil em 2012 foi mais comedido do que no restante do mundo, onde a preocupação com a solidez dos bancos europeus e casos de fraudes como a manipulação da taxa Libor, referência de juro no mercado interbancário em Londres, fizeram as apólices subir até 30%.

"Tivemos dois casos de intervenção de bancos no Brasil e, no mercado europeu, esse número foi bem maior. Isso, somado à maior concorrência das seguradoras no Brasil, com um número maior de participantes do mercado oferecendo soluções, conteve o aumento de preços", pondera Scortecci. As apólices encareceram no Brasil na mesma proporção do que em países como Alemanha, França, Espanha e Reino Unido. Mas foi menor do que o incremento de até 20% na Rússia e de 30% na Austrália.

"A crise sistêmica de confiança das instituições financeiras internacionais gerou uma discussão sobre a garantia de segurança aos clientes. Com isso, o mercado segurador imaginou que a instituições financeiras pudessem gerar problemas aos clientes e acionarem o seguro e, então, aumentaram as taxas", conta Leite. Daqui para a frente, ele espera que continue o movimento de alta do preço do seguro tanto mundialmente quanto no Brasil, uma vez a preocupação acerca da economia mundial continua.